Existem duas técnicas em cirurgia de transplante capilar: FUT e FUE.
Ao contrário dos anúncios apelativos na internet, a realidade é que uma não é melhor do que a outra.
Existem situações em que uma pode ser melhor do que a outra, e é isso que vamos entender neste artigo.
Índice de conteúdo
O básico sobre transplante de cabelo
Basicamente, a cirurgia de transplante capilar consiste em mover os agrupamentos naturais de cabelos da parte de trás do couro cabeludo para uma área em que o cabelo está diminuindo ou já caiu, normalmente a parte superior e frontal da cabeça.
O resultado na área receptora é o mesmo, independente da técnica de extração escolhida ser FUE ou FUT.
A única diferença entre as duas técnicas é como colhemos o cabelo da parte de trás da cabeça.
Você não deve ser enganado pelo marketing que diz que FUE é uma técnica superior, existem casos e casos.
Ambas as técnicas têm aplicações específicas onde podem ser úteis, e a escolha depende de vários fatores como grau de calvície, idade do paciente, elasticidade do couro cabeludo, entre outras que discutiremos nos próximos tópicos.
FUT
Na técnica FUT, conhecida como “strip” em inglês, é retirada uma faixa de pele da parte de trás da cabeça, de maneira a não danificar os folículos de cabelo.
É possível retirar de 150 a 200 fios de cabelo por centímetro quadrado. E depois esses agrupamentos são usados individualmente na área receptora.
Embora seja retirada uma faixa inteira de pele, isso apenas descreve como você colhe os cabelos, pois o transplante para a área receptora é feito folículo por folículo individualmente.
O local onde a faixa de pele foi retirada é unido com pontos o que deixa uma cicatriz linear visível. Esse é o grande motivo de muitas pessoas rejeitarem a cirurgia por FUT.
No entanto, alguns detalhes precisam ser entendidos sobre isso.
Cicatrização é boa
A cicatrização no couro cabeludo é ótima porque o suprimento de sangue e a drenagem na região é muito boa. Além disso, é muito raro ocorrer uma infecção.
Segredo é não retirar uma faixa de pele muito larga
O segredo para não deixar uma cicatriz ruim é não tirar muita largura da pele.
A flexibilidade natural do couro cabeludo deve ser administrada sem colocar tensão na borda da ferida, isso é importante para que a cicatriz não estique.
É importante salientar que há um pouco de variação individual do paciente quanto à sensação das cicatrizes, mas em mais de 80% dos casos elas cicatrizam muito bem. Sendo assim, o medo da cicatriz na parte de trás da cabeça costuma ser exagerado.
Técnica para aliviar a cicatriz
Um das melhores formas de aliviar a cicatriz é que sobrepor as bordas para que o cabelo volte a crescer através da linha da cicatriz, o que a torna menos visível.
Quando a cirurgião sabe executar a técnica corretamente o resultado tende a ser ótimo.
A realidade é que o medo de ter uma cicatriz terrível é mais sobre como o cirurgião a executou do que sobre a técnica FUT em si.
Se o cirurgião colocar tensão na borda da ferida particularmente em áreas mais arriscadas como atrás da orelha, pode criar uma cicatriz ruim que não é culpa da técnica FUT, é culpa do cirurgião na maioria dos casos.
Retira 100% dos cabelos de uma mesma área
Um ponto importante sobre a técnica FUT é que leva 100% dos cabelos de uma área. Ou seja, todo o cabelo retira da faixa de pele poderá ser transplantado para a área doadora.
Além disso, ela não vai retirar a densidade dos fios atrás da sua cabeça, já que os pontos uniram a pele graças a flexibilidade natural do couro cabeludo.
Segurança de colher longe da área de risco
A cirurgia FUT permite colher um grande número de cabelos a uma longa distância das margens calva, o que é uma enorme vantagem, sobretudo em um paciente jovem em que não é possível saber quanto cabelo ele ainda vai perder mais tarde na vida.
Dessa forma, a grande vantagem da cirurgia FUT é que ao ser a primeira opção em um paciente jovem e muito calvo, pode-se remover uma grande quantidade de cabelo longo da margem de calvície usando a flexibilidade natural do couro cabeludo, deixando uma cicatriz muito fina e quase invisível com cabelos crescendo através dela usando um fechamento e técnica adequada.
FUT continua sendo uma técnica importante
Embora existam muitas clínicas no mundo que só executam FUE, ainda há um papel muito bom para a cirurgia FUT.
Não se deve cair na armadilha de pensar que a técnica FUE substituiu a FUT, apenas por ser o tratamento mais popular no momento. A realidade é que dependemos de ambas as técnicas, pois são ótimas desde que sejam bem executadas, e tem pontos fortes e fracos como tudo na vida.
Se você pesquisar online vai encontrar muitas fotos de cicatriz de FUT ruins, mas na maioria dos casos isso é culpa da tentativa de conseguir muitos folículos, o que faz o cirurgião aumentar a faixa de pele ao máximo gerando mais risco da cicatriz esticar e ficar visualmente feia.
Portanto, cuidado com cirurgias que prometem muitos fios, pois mais não significa melhor.
Há um limite sensato para a quantidade de folículos capilares que você deve colher em uma única sessão e isso se resume ao planejamento e gestão da calvície no longo prazo.
Conclusão
Para concluir, FUT é uma técnica que usa 100% dos cabelos da faixa de pele retirada, o que é algo muito positivo.
Não retirada densidade da parte de trás da cabeça, e é ideal para pacientes jovens com calvície avançada.
A cicatriz pode ficar com um aspecto excelente desde que seja feita com um limite sensato de largura pelo cirurgião.
Para isso, é necessário ter ciência do limite de folículos nessa retirada, e não tentar arriscar tudo em uma única sessão.
Além de tudo, a técnica FUT pode ser a escolha na primeira sessão de transplante capilar, para que a FUE seja usada na segunda sessão de maneira a conseguir mais folículos mesclando as duas técnicas.
FUE
Por mais estranho que possa parecer, a técnica FUE é apenas uma modificação da primeira técnica de transplante de cabelo que existiu, antes mesmo da técnica FUT.
Décadas depois, os aparelhos para retirada das unidades foliculares se tornaram muito menores (entre 0.7 e 0.9 milímetros de diâmetro), garantindo um resultado melhor e natural, pois as unidades foliculares são retiradas individualmente.
Na técnica FUE são retirados pontos de tecido na parte de trás do couro cabeludo, e não são apenas os fios, pois na verdade é necessário um pouco da pele para preservar as células-tronco.
Cicatrizes circulares menos visíveis
Por esse motivo, ao contrário do que muita gente imagina, a técnica FUE também gera cicatrizes. São cicatrizes menores e espalhadas, mas ainda são cicatrizes, e isso deve ser levado me consideração.
Não existe procedimento sem cicatriz, lembre-se disso. E o cabelo retirado jamais crescerá novamente.
Você ficará com uma pequena cicatriz circular nessas áreas, são marcas minúsculas em diâmetro, será virtualmente invisível a olho nu (se for realizada corretamente) se você deixar seu cabelo crescer.
Se você decidir tirar muitos fios (um problema das mega sessões) as bolinhas ficarão mais próximas uma da outra, e a parte de trás do seu cabelo perderá densidade. Dessa forma, deve-se tomar cuidado para não passar o problema da calvície para a parte de trás da cabeça.
Quantidade de cabelo retirada é limitada
A quantidade de folículos que você pode remover em uma única sessão depende da densidade do cabelo que você tem na parte de trás da cabeça e da extensão da calvície.
Ao contrário da cirurgia FUT, onde é removido 100% dos cabelos em uma área segura na parte de trás da cabeça, na FUE a colheita é espalhada por uma área maior, o que gera um risco de invadir acidentalmente uma parte do couro cabeludo geneticamente programada para ficar careca no futuro.
E se for esse o caso, o cabelo que você transplantou pode não durar muito.
Vamos fazer um pouco de matemática simples:
- Ao retirar 20% dos cabelos de uma área (usando a FUE) versus 100% na técnica FUT (de uma faixa de pele) para obter o mesmo número de folículos, você tem que usar uma área 5x maior para obter o mesmo número de unidades foliculares.
- E mesmo ao retirar 25% dos cabelos de uma área (com FUE), você ainda precisar de uma área 4x maior para obter o mesmo número de unidades foliculares de FUT.
Além disso, sabemos que nesta técnica não devemos tirar mais de 50% da área porque ela ficaria com um aspecto transparente.
Idealmente, o número deve ser entre 20% e 30%, o que significa que você tem que usar uma área muito grande.
Para consertar pequenas áreas de calvície isso não é um problema, se torna uma questão irrelevante.
No entanto, é algo particularmente preocupante em pacientes mais jovens e extensivamente carecas. São pacientes que querem cobrir uma grande área de calvície, mas tem poucos fios para esse objetivo, ao mesmo tempo que querem usar um penteado moderno (curto na parte de trás da cabeça) sem ter um cicatriz linear de FUT exposta.
Isso se torna um dilema: conseguir mais fios e densidade com FUT+FUE x pode usar um penteado moderno sem exibir uma cicatriz de FUT.
Risco de transplantar cabelos não seguros
Conforme já mencionado, embora FUE seja menos visível em cortes curtos, você precisará usar uma área extensa para retirada, o que é um risco.
Retirar folículos de uma área extensa pode trazer dois problemas em pacientes jovens:
- Ao retirar folículos em um local muito próximo da área de risco (geneticamente programada para calvície), seu transplante cairá no futuro, o que é um problema terrível;
- Se não houver cabelo entre as cicatrizes de pontinhos que foram retiradas, as marcas ficaram muito visíveis.
Dessa forma, você cria dois problemas se retirar de forma inadequada.
Conclusão
Não existe melhor técnica, ambas têm prós e contras, e em certas circunstâncias, uma técnica pode ser melhor do que outra.
Antes de um transplante, você deve discutir com seu cirurgião quais são as vantagens e desvantagens de fazer determinada técnica de acordo com sua situação. Essa atitude é muito melhor do que confiar no marketing astuto que diz que há apenas uma técnica é a melhor.
No final, você pode escolher o que faz sentido para você, mas não é uma técnica contra a outra, é FUT e FUE juntas como formas válidas de retirar unidades foliculares da parte de trás da cabeça.
Ambas têm um papel a desempenhar e é realmente importante para que o paciente entenda quais são os benefícios e os riscos de cada técnica.